Eduardo Melo - via http://revolucaoebook.com.br
O ePub trata-se de um padrão internacional para eBooks, livre e aberto, organizado por um consórcio de empresas chamadoIDPF – International Digital Publishing Forum. Encabeçam o IDPF empresas como Sony, Adobe, Microsoft, entre várias outras.
O ePub é um arquivo produzido em XHTML, basicamente os mesmos códigos usados por uma página simples da Internet (HTML), acompanhado de uma folha de estilos .css para o controle do design e da diagramação. Imagens e fotos são embaladas, junto com o conteúdo – um arquivo para cada capítulo, em um arquivo com extensão.ePub. Essa extensão é reconhecida pelo computador, também, como um arquivo compactado.
Ou seja, o ePub é feito de tecnologias e linguagens já dominadas pelas pessoas. Como disse o Sérgio da DM9DDB durante o Congresso do Livro Digital de 2010, o editor que quiser criar livros em ePub só precisa contratar um programador de HTML5, que ele saberá perfeitamente como criar livros em ePub. A afirmação do Sérgio está correta!
A adoção do formato ePub, internacionalmente, decorre de duas necessidades básicas. A primeira, estabelecer um padrão aberto para os eBooks, que não pague royalties para nenhuma empresa e possa ser aperfeiçoado ao longo do tempo, à medida que o mercado evolui. A segunda, bastante prática, é permitir que o livro possa ser lido pela maior quantidade de aparelhos e programas possíveis, usando apenas um formato, para economizar tempo e dinheiro através de toda a cadeia de produção de eBooks. Por isso, a escolha da linguagem XHTML e a simplicidade do formato ePub foram decisões refletidas, que visaram facilitar a adoção e o emprego do formato sem maiores dificuldades e investimentos.
Um livro feito em ePub permite que a leitura seja uma experiência boa em qualquer tipo de tela, independente do tamanho, ou do sistema. Pode-se aumentar ou reduzir o tamanho da fonte, alargar ou diminuir o tamanho da página. Com isso, é possível ler o mesmo eBook, o mesmo arquivo, em vários aparelhos, tanto faz se a leitura é no celular, no iPhone, no Sony Reader ou no PC. O texto é redimensionado automaticamente para o tamanho da tela.
Indo um passo além: vantagens e produção
Há uma enorme vantagem operacional para os editores, que adotam o formato ePub. Um arquivo ePub é escrito em XML. Essa é a linguagem do futuro. Conteúdos escritos podem ser facilmente convertidos por ferramentas automáticas, quando estão marcados na linguagem XML. Simplificando bastante, o XML permite classificar cada trecho de um texto com um determinado rótulo. Hoje isso pode parecer pouco importante. Daqui alguns anos, porém, com o progresso da Internet e o surgimento do que os pesquisadores chamam de “Web Semântica“, esse tipo de classificação será extremamente útil para relacionar, linkar e gerar novos conteúdos online. Ter seus livros, desde já, em XML, representa uma vantagem competitiva e uma economia considerável em investimentos, alguns anos a frente.
Alguém irá fazer a objeção de que publicar eBooks apenas em PDF é possível. Sim, é claro que é possível. Mas a flexibilidade para criar e distribuir conteúdo, no PDF, é muito menor. A leitura só fica boa, e olhe lá, em alguns computadores. E mesmo assim, a experiência de leitura é fraca, já que é necessário o scrolling constante da tela, tanto na horizontal, quanto na vertical. Para efeitos de cognição, a leitura deve ter a menor distração possível. Além disso, os leitores não são bobos. Eles sabem como é fácil criar um PDF, e publicar somente um PDF indiscutivelmente derruba o valor intrínseco do eBook. Afinal, com um PDF o editor está oferecendo só o basicão.
Transformar para ePub um PDF, InDesign, Quark Xpress, Word e outros, não é tarefa fácil. Existem ferramentas que transformam PDFs e documentos automaticamente em ePub, das quais a melhor e mais conhecida delas é o Calibre, um programa gratuito. Para um nível profissional de produção do ePub, o Calibre é insuficiente. Quem espera vender e-books, precisa investir em aprendizagem, treinamento e testes, muitos testes.
A produção de um eBook em ePub demanda o conhecimento dos padrões do ePub, ferramentas adequadas para a produção (embora, teoricamente, qualquer editor de HTML possa ser utilizado), um ambiente de teste da qualidade final dos arquivos produzidos e – fundamental – a utilização inteligente das tags de classificação do livro, os metadados, que substituem no mundo eletrônico a velha ficha catalográfica.
Mais importante ainda do que o formato ePub em si, o editor precisa estar muito atento à qualidade dos metadados agregados ao seu eBook. É através deles que os buscadores (Google, etc) e os sistemas das livrarias online localizarão o livro. Considerando que a maior parte das vendas online de eBooks ocorrem através de buscas, a precisão e o fornecimento correto dos metadados são críticos para a venda – ou não – de um eBook.
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