quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Pesquisadores do MIT desenvolvem tecnologia que digitaliza livros fechados


Uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores do MIT promete revolucionar a maneira de digitalizar documentos e livros para o formato digital. Publicado na revista Nature Communications, a tecnologia propõe que livros possam ser digitalizados sem precisar escanear página por página, bastando inserir qualquer livro fechado para que o processo seja feito. 
Caso a tecnologia seja aperfeiçoada, ela poderá agilizar o trabalho de bibliotecas, por exemplo. A maneira de conseguir uma versão digital de documentos e livros se tornará muito mais fácil e rápida. No vídeo abaixo você pode verificar com mais detalhes como a tecnologia desenvolvida no MIT funciona:

  

O processo utiliza radiação tetrahertz, que é absorvida pelo papel e tinta de uma maneira diferente. A câmera é tão precisamente ajustada que os pesquisadores conseguem detectar a diferença entre uma página e outra, apesar de haver apenas 20 micrômetros de ar entra cada uma. As páginas digitalizadas são lidas através de softwares ajustados para o processamento da imagem gerada. 

Ainda há um longo caminho a ser percorrido. Neste momento, a tecnologia permite a leitura de apenas nove páginas agrupadas. Mas, novas pesquisas poderiam maximizar este número, tornando os resultados surpreendentes, principalmente para arquivistas e bibliotecários. Com a nova tecnologia, será possível obter acesso a livros restritos e antigos através de uma cópia digital e também agilizar consideravelmente o tempo de digitalização de documentos. 

Via TNW, Nature Communications

sábado, 2 de julho de 2016

UE exige que todos os artigos científicos se tornem de acesso aberto até 2020

paywall
Recentemente discutimos aqui sobre a briga da Elsevier com o Sci-Hub, o repositório público que agrega e disponibiliza artigos científicos normalmente protegidos por paywall para quem quiser ler, sem a necessidade de carteirada ou de abrir a carteira. A questão principal é: a quem pertence o conhecimento, o pesquisador, à população ou ao periódico que cobra pelo acesso?
A União Europeia entendeu que ele deve ser colocado ao alcance de todos, sem exceção, e por conta disso bateu o martelo e determinou que TODAS as publicações científicas produzidas no bloco, sem exceções sejam colocadas em acesso aberto até 2020.
Como funciona hoje? O pesquisador se mata de trabalhar e estudar para produzir sua pesquisa, e trabalho realizado, é preciso publicá-lo. Entram aí os periódicos de grande nome como a Nature e a Science Magazine, que se não cobram diretamente do pesquisador submetem o artigo a critérios de avaliação malucos, que consideram inclusive o valor de buzz que a pesquisa poderá gerar, o que intensifica a procura, gera mais pageviews e consequentemente mais dinheiro para o periódico.
Caso seja aprovado o trabalho do cientista é indexado e publicado, só que fica protegido atrás de um paywall que cobra pelo acesso (algo que também não é muito simplificado para leigos em alguns casos). A Elsevier, o maior repositório do mundo é ainda mais inescrupulosa, pois cobra quantias do pesquisador que podem chegar a até US$ 1.000,00 para este ter seu trabalho indexado. Ou seja, ela lucra duas vezes.
Ah sim, desnecessário dizer que os periódicos não retornam um tostão ao pesquisador.
Aí você pergunta: por que o pesquisador se sujeita a isso? Por causa do Fator de Impacto: publicar numa Nature ou numa Science causa muito mais impacto na comunidade científica que na PLOS One, que embora libere o acesso também já publicou muito lixo, já que funciona no esquema “pagou, publicou”. Assim temos o bizarro cenário em que o conhecimento é eletivo, só ao alcance de quem pode pagar. Alternativas como o Sci-Hub, que tentam democratizar o acesso são muito bem-vindas mas este é um território nebuloso, já que estamos falando de uma prática ilegal.
E é por causa disso tudo que a União Europeia resolveu por um basta nessa farra. No último dia 27 o Conselho de Competitividade da UE determinou que todos os artigos acadêmicos produzidos por instituições públicas ou privadas do bloco econômico deverão ser disponibilizados em caráter de Acesso Aberto até o ano de 2020. A decisão ainda não tem força de lei mas isso é questão de tempo, 28 países assinaram a resolução (cuidado, PDF) e não tem volta, é aceitar de cabeça baixa ou sofrer as consequências.
Obviamente que os defensores do formato de paywall não estão nada contentes, e para a surpresa de ninguém a Elsevier está liderando o bloco dos reclamões, seguido de perto pelo conglomerado Springer-Nature (responsável pela Nature, obviamente). Ambos defendem o formato de seus negócios mas sinceramente, terão de aceitar resignados que vão perder rios de dinheiro na Europa.
Claro que é um pequeno passo para vermos o cenário ideal de conhecimento livre em todo o globo, mas é um começo. Eu defendo que o conhecimento científico deve sim ser colocado ao alcance de todos e não concordo com a cobrança dos periódicos, que gozam de renome para comercializar bens de coisa pública, que não pertencem a ninguém.
Fonte: Science.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Ministério do Meio Ambiente lança 20 cursos em Educação Ambiental


Em comemoração ao Dia Nacional da Educação Ambiental, 3 de junho, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou 20 cursos de educação a distância. O objetivo é promover a reflexão e a ação da sociedade em torno das questões ambientais, contribuindo para a qualificação e fortalecimento da agenda socioambiental. A previsão é formar 20 mil pessoas até dezembro deste ano.
O Dia Nacional da Educação Ambiental foi criado pelo governo federal em 2012 para valorizar o trabalho do educador que atua nessa área e estimular discussões sobre sustentabilidade, meio ambiente, mudanças climáticas, desmatamento, entre outros temas.
Os cursos, que serão realizados por meio da plataforma Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), integram a estratégia de formação do Departamento de Educação Ambiental (DEA) do ministério, ampliando o acesso dos diversos públicos interessados nos processos formativos desenvolvidos pelo MMA.
Público
A grade de cursos contempla vários públicos, tais como: consumidores; pais e mães; educadores; empreendedores; profissionais da área ambiental; jovens; servidores públicos; conselheiros municipais; estudantes; coordenadores das Salas Verdes (projeto do MMA), mulheres; representantes de organizações da sociedade civil; trabalhadores e gestores públicos.
Para a diretora de Educação Ambiental do MMA, Renata Maranhão, os cursos oferecidos visam mobilizar e formar pessoas e instituições para apoiarem na implementação das políticas públicas de meio ambiente, contribuindo na construção de sociedades sustentáveis. “A proposta é que consigamos sistematizar as demandas do MMA por ações de formação e capacitação e promovê-las de modo integrado e em consonância com o projeto político pedagógico do MMA, que foi fruto de um trabalho coletivo da Comissão Intersetorial de Educação Ambiental do MMA e vinculadas – CISEA.”
Os cursos abordam temas variados. Destaque para a nova edição de “Estruturação da Gestão Ambiental Municipal”, uma iniciativa do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais (PNC). O intuito é apoiar os municípios na estruturação institucional e o fortalecimento da gestão ambiental municipal, com a ótica da sustentabilidade socioambiental e territorial.
Inscrições
Durante a Semana do Meio Ambiente, comemorado pelo MMA comprogramação especial, estão abertas as inscrições para sete cursos:
– A3P: Sustentabilidade na Administração Pública;
– Crianças e o Consumo Sustentável;
– Estilos de vida sustentáveis;
– Produção e consumo sustentável;
– Guia para a Produção de Conteúdos EAD;
– Igualdade de Gênero e Desenvolvimento Sustentável;
– Estruturação da Gestão Ambiental Municipal.
Temas prioritários
Em abril deste ano, o MMA já havia lançado os cursos “Formação de agentes populares de educação ambiental na agricultura familiar” e “Apoio à implementação do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar”, com um total de 2 mil vagas. Esses cursos estão em andamento e tem como objetivo colaborar com a formação de lideranças do campo e técnicos de instituições que atuam com educação ambiental e agricultura familiar, e apoiar a implementação do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF).
Os demais cursos serão lançados no segundo semestre desse ano e serão realizados até dezembro. Confira aqui a grade completa aqui.
Conceito
A educação ambiental envolve processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Esse conceito consta na lei 9.795, de 1999, que define a Política Nacional de Educação Ambiental. Segundo a política, a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
Neste sentido, o Ministério do Meio Ambiente trabalha com diretrizes e políticas públicas que promovem a educação ambiental no país. Desde a formação continuada de educadores e da sociedade em geral, seja por meio de cursos presenciais ou à distância, passando pelo incentivo da sustentabilidade na agricultura familiar, pela organização de mostras de vídeos socioambientais, pela promoção de espaços educadores, por cooperações internacionais e pela produção de material socioambiental orientador.
Assessoria de Comunicação Social do MMA
Alethea Muniz – Jornalista
Telefone: (61) 2028-1165

sábado, 9 de abril de 2016

Como os museus se abrem ao mundo pela internet



A era digital e a internet criaram uma plataforma global para a projeção dos nossos bens museológicos.

Luís Ramos Pinto | Publico

Em 2013, o New York Times perguntou a Taco Dibbits, diretor das coleções do Rijksmuseum (o museu mais visitado da Países Baixos), como é que ele se sentiria se uma imagem do Johannes Vermeer fosse impressa em papel higiénico: "Se quiserem colocar uma obra do Vermeer no seu papel higiénico, eu prefiro que a imagem seja de boa resolução", disse. Esta resposta é fruto de uma estratégia digital adotada pelo museu, da utilização de conteúdos de alta resolução e completamente livres para reutilização.

No caso do Rijksmuseum, tudo começou com o encerramento do museu para obras que duraram dez anos. Permitindo assim libertar os recursos humanos necessários para que uma grande digitalização de conteúdos fosse disponibilizada. Tendo um acervo de cerca de um milhão de peças, e espaço físico para exposição de apenas oito mil, a colocação das peças na Internet parece portanto, um passo natural para dar maior projeção às peças em acervo.

Um passo muito significativo foi dado quando em 2011 o museu decidiu que todas peças colocadas online estivessem devidamente assinaladas como estando no domínio público. Hoje em dia, já se encontram mais do que 247 mil peças no site do museu, e a ideia é de que sejam digitalizadas 40 mil peças por ano, para que a coleção possa estar disponível na íntegra. Para incentivar a reutilização das imagens, em 2013, o museu lançou uma ferramenta chamada "RijkStudio", permitindo, entre outras coisas, que os utilizadores criem exposições virtuais.

Esta estratégia tem provado ser benéfica em muitos aspetos. Primeiro, os conteúdos de alta resolução fazem com que haja menos cópias de baixa qualidade pouco fiéis na Internet. O facto de estarem no domínio público permite que as grandes plataformas, como a Wikipédia, as possam utilizar com facilidade e conscientes de que estão a operar dentro da legalidade dos direitos de propriedade intelectual. Adicionalmente, partindo do princípio de que, quantas mais vezes a peça for reutilizada, mais ligada vai estar com outros conteúdos, permitindo assim maior disseminação da mesma na Internet. E, acima de tudo, quanto mais a peça for utilizada, maior a projeção dada ao museu em termos de marketing.

O modelo de conteúdos de alta resolução de livre uso está agora a ser adotado por outros museus, como o Statens Museum Kunst na Dinamarca, que disponibilizou cerca de 160 peças em alta resolução. Em 2013, a administração dos museus estatais da Suécia (Livrustkammaren och Skoklosters slott med Stiftelsen Hallwylska museet) criou o Open Image Archive Project em que disponibilizou todos os seus conteúdos livres de restrições de propriedade intelectual, com enorme sucesso, especialmente relativamente ao uso dos mesmos na Wikipédia. Tal é a importância dos conteúdos abertos que a American Alliance Museums criou um prêmio na área da tecnologia chamado Open Culture award para os museus que melhor promovam os seus conteúdos abertamente.

Em Portugal, disponibilizaram-se, recentemente, nove peças emblemáticas em alta resolução na modalidade de domínio público através do portal de conteúdos patrimoniais financiado pela União Europeia — Europeana Collections. Este é um grande passo, pois disponibiliza obras de relevo como os Painéis de S. Vicente de Fora de Nuno Gonçalves e a Natureza Morta com Doces e Barros de Josefa de Óbidos, entre outras. No entanto, para assegurar a sustentabilidade e o acesso às mesmas, é importante que as peças se tornem também disponíveis no site dos museus, seus fiéis depositários.

A era digital e a Internet criaram uma plataforma global para a projeção dos nossos bens museológicos. Como tal, não podemos perder esta oportunidade e facilitar a acessibilidade do mundo aos seus conteúdos patrimoniais. Um pequeno grande passo seria obedecer à lei de propriedade intelectual. Segundo a lei portuguesa, a obra do artista entra no domínio público 70 anos depois da morte do autor. Porém, poucas peças de museu estão assinaladas como tal. Deve-se procurar incentivar um maior debate sobre a questão do domínio público no meio museológico, dado que na era de informação o reconhecimento do mesmo está a tornar-se cada vez mais uma boa prática museológica.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Como o Brasil pode se preparar para Quarta Revolução Industrial


Economia e sociedade
A edição deste ano do Fórum Econômico Mundial, em curso em Davos, na Suíça, tem como tema central a chamada "Quarta Revolução Industrial".
O conceito descreve economia com forte presença de tecnologias digitais, mobilidade e conectividade de pessoas e de coisas, na qual o valor central é a informação.
Mas, será que o Brasil está preparado para essa nova revolução?
Segundo especialistas, o país se saiu bem na redução de desigualdade social na última década, mas precisa investir mais em educação e inovação para obter ganhos em produtividade e geração de empregos nesta nova economia.
"O grande desafio à frente é manter os avanços sociais e estimular o aumento da produtividade," afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), órgão ligado à ONU.
Segundo ela, a transição passa por "novos pactos sociais": "É necessário construir novas alianças que transpassem partidos políticos e viabilizem condições para a criação de um novo ciclo de investimento. Integrar mercados regionais em tecnologias-chave, por exemplo com a criação de um mercado digital comum, e o incentivo a cadeias regionais de tecnologias e produtos verdes."
Investimentos em educação
O Brasil tem elevado o investimento direto em educação. No período compreendido entre a virada do milênio e 2013, o total cumulativo investido por estudante ao longo da vida acadêmica, do jardim de infância à universidade, passou de R$ 106 mil para R$ 162 mil. O aumento de mais de 50% tem base em dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), vinculado ao Ministério da Educação.
Ainda assim, o Brasil permanece abaixo da média dos países ricos, conforme retrata o Pisa, ranking internacional que avalia a qualificação de estudantes do mundo todo. No levantamento de 2012 foi observado que quase metade dos alunos brasileiros não apresenta competências básicas de leitura.
Além disso, outra análise da mesma organização, mas de 2015, estimou que os estudantes brasileiros são muito fracos na capacidade de navegar em sites e compreender leituras na internet, ficando à frente apenas da Colômbia e dos Emirados Árabes em um ranking com 31 países.
Revoluções Industriais
As três revoluções industriais anteriores tiveram início nos países desenvolvidos, chegando com atraso ao Brasil. A primeira foi a iniciada no fim do século 18, quando água e vapor foram utilizados para mover máquinas na Inglaterra. A segunda veio do emprego de energia elétrica na produção em massa de bens de consumo. A terceira é a do uso da informática, iniciada em meados do século passado.
A revolução atual, aliás, segue na esteira dessa anterior: é caracterizada por sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. Além das mudanças nos sistemas de produção e consumo e amplo uso de inteligência artificial, ela também traz o desenvolvimento de energias verdes, com menor impacto sobre o meio ambiente.
Mas a transição não necessariamente será suave.
Com essa nova etapa de conexão entre homens e máquinas, haverá uma quebra do modelo de cadeias produtivas e das interações comerciais em que os consumidores poderão atuar como produtores, na chamada Era das Máquinas Livres, fundada basicamente na impressão 3D, ou manufatura aditiva.
Nesse caminho, porém, mais de 7 milhões de empregos serão perdidos no sistema tradicional, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial.
Brasil na Quarta Revolução Industrial
Como o Brasil poderia se preparar para esse momento?
"Idealmente, deveria implementar políticas de fortes incentivos que nivelem por cima, não apenas na área de formação e capacitação de trabalhadores para o uso de novas tecnologias, mas priorizando também investimentos em pesquisa e desenvolvimento para que o país não se torne um mero consumidor de tecnologias," sugere Vanessa Boana Fuchs, pesquisadora do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de St. Gallen, na Suíça.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Accenture estima que a participação da economia digital no PIB do Brasil saltará dos atuais 21,3% para 24,3% em 2020 e valerá US$ 446 bilhões (R$ 1,83 trilhão).
O mesmo estudo aponta que o país precisa manter os níveis atuais de educação e expandir investimentos em novas tecnologias e na geração de uma cultura digital para acelerar ainda mais o progresso. Se o Brasil aplicar recursos ativamente nessas áreas, a consultoria prevê que o segmento econômico poderá movimentar outros US$ 120 bilhões (R$ 494 bilhões) além do previsto.
Neste mês, a presidente Dilma Rousseff sancionou o Marco Legal da Ciência e Tecnologia, novo parâmetro legislativo que promete reduzir a burocracia, facilitando investimentos em pesquisa e ciência nas iniciativas pública e privada. Além disso, o governo anunciou um edital de financiamento de R$ 200 milhões para pesquisa e desenvolvimento.
Ameaças da Quarta Revolução Industrial
Alicia Bárcena, da Cepal, vê três ameaças no horizonte da quarta revolução industrial: o aumento da desigualdade, as mudanças climáticas e a tendência recessiva das economias. Desafios, afirma, que podem ser solucionados com investimento estatal e políticas públicas ativas.
"Políticas fiscais expansionistas podem ajudar a evitar tendências recessivas e recuperar empregos. Acesso universal à educação e saúde encorajam demanda agregada e aumento de produtividade," defende. "Políticas sociais voltadas ao amparo social universal e no combate à desigualdade podem promover um incentivo crucial para a demanda minguante em todos os lugares."
Para a especialista, o investimento público deve ter um "componente ambiental" forte, que mova a economia mundial a um caminho de baixo carbono, ou seja, de baixa emissão de gases de efeito estufa. Essa alternativa, afirma, contribui muito mais para a geração de empregos do que a indústria poluente.
"O desafio é direcionar as novas e antigas tecnologias para a utilização mais eficiente de recursos naturais, energias renováveis e sustentável, cidades inteligentes que possibilitem evitar desperdício de energia e produção," avalia Vanessa Fuchs.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Quarta revolução industrial: A Era das Máquinas Livres

Para Joshua Pearce, o "faça você mesmo científico" está dando início a uma revolução: a era das máquinas livres, com software e hardware abertos. [Imagem: Sarah Bird/Michigan Tech]
"Faça você mesmo científico"
O movimento "Faça Você Mesmo" saltou das tarefas domésticas para os laboratórios de pesquisa.
E o salto foi impulsionado pelos mesmos motivos: economizar dinheiro e obterexatamente o resultado que você deseja.
Para Joshua Pearce, o "faça você mesmo científico" está dando início a uma revolução.
Três forças convergentes, todas de código aberto (open-source), estão por trás dessa revolução, explica o pesquisador em um artigo publicado no número mais recente da revista Science: software, impressoras 3D e microcontroladores.
Com essas ferramentas, pesquisadores de todo o mundo estão reduzindo o custo de fazer ciência, construindo seus equipamentos no próprio laboratório.
Arduíno
Tudo está sendo possível graças ao microcontrolador open-source Arduíno.
"A beleza desta ferramenta é que é muito fácil de usar," disse Pearce, que é professor da Universidade Tecnológica de Michigan. "Ela torna muito simples a tarefa de automatizar processos."
Veja como funciona.
O Arduíno - que é vendido por menos de R$100 no varejo - pode controlar qualquer instrumento científico, seja um contador Geiger, um osciloscópio ou um sequenciador de DNA.
Mas ele realmente brilha quando controla impressoras 3D, tais como a também de hardware aberto RepRap.
Esta engenhoca do tamanho de um forno de micro-ondas pode ser construída por menos de R$1.000, e pode construir suas próprias peças - uma vez que você tenha uma RepRap, você poderá construir tantas quantas queira. O laboratório de Pearce já tem cinco.
Impressoras 3D constroem objetos lançando camadas de plástico com espessura abaixo de um milímetro, umas sobre as outras, seguindo padrões específicos. Isso permite aos usuários construir equipamentos segundo suas próprias especificações, não ficando mais dependentes do que podem comprar no mercado.
O Arduíno controla o processo, dizendo à impressora 3D para fazer qualquer coisa, de um trem de brinquedo a um macaco de laboratório - não o animal, mas aquele equipamento de levantar coisas.
Faça parte da quarta revolução industrial: A Era das Máquinas Livres
A impressora 3D RepRap está sendo usada para construir equipamentos reais para uso nos laboratórios científicos. [Imagem: Pearce/Science]
Universo das Coisas
Macacos de laboratório levantam e abaixam equipamentos ópticos, mas não são radicalmente diferentes do macaco que você usa para trocar o pneu do carro.
O professor Pearce precisou de um em seu laboratório e, ao saber que o equipamento custaria milhares de dólares, resolveu projetar o seu próprio.
Usando uma RepRap, filamentos de plástico barato e algumas porcas e parafusos, Pearce e seus alunos construíram um por uma bagatela.
Então eles postaram o código OpenSCAD, que usaram para fazer seu macaco de laboratório, no Thingiverse, um repositório de projetos de código aberto, onde os membros da "comunidade de fazedores" podem enviar seus projetos para todos os tipos de objetos, e receber feedback.
"Imediatamente, alguém que eu nunca encontrei, disse: 'Isso não vai funcionar muito bem, você precisa fazer isso'," conta Pearce. "Nós fizemos uma mudança simples, e agora temos um macaco de laboratório que é superior ao nosso projeto original."
O Thingiverse - o "Universo das Coisas" (Things + Universe) - é um filho do movimento do software livre e de código aberto. Além de projetos para todos os tipos de objetos, ele pretende juntar milhares de mentes especializadas para resolver problemas. É a última palavra no trabalho em equipe, disse Pearce.
Faça parte da quarta revolução industrial: A Era das Máquinas Livres
O macaco de laboratório foi otimizado com a ajuda da comunidade de hardware aberto. [Imagem: Thingiverse]
Economia da doação
"Os movimentos do software livre e do hardware livre estão criando uma economia das doações. Nós pagamos para a comunidade submetendo nossos projetos, e recebemos pagamentos de volta na forma de um excelente feedback e acesso livre ao trabalho de outras pessoas. Quanto mais você dá, mais você recebe, e todos ganham nesse processo," disse ele.
A comunidade Thingiverse já tem uma linha completa de projetos com código-fonte aberto para mais de 30 mil "coisas".
E é tudo barato, o que traz em si a emergência dessa revolução.
Pearce relata que agora está ajudando seus estudantes a organizarem uma empresa cujos objetivos serão fazer projetos de código e hardware abertos para a indústria e construir instrumentos de laboratório sob medida para professores universitários, fornecendo tudo pronto por uma fração do custo dos equipamentos comerciais.
"Isso dará aos alunos as competências de que necessitam e lhes permitirá beneficiar toda a sua área de pesquisas," disse ele.
Faça parte da quarta revolução industrial: A Era das Máquinas Livres
Este equipamento permite construir trocadores de calor fundindo camadas de sacolas plásticas. [Imagem: Thingiverse]
Revolução da fabricação própria
Se a iniciativa se disseminar, milhares ou milhões de dólares que são gastos pelos laboratórios de pesquisa em todo o mundo para comprar equipamentos, agora poderão ser usados para dar apoio aos alunos.
Mesmo escolas de ensino médio poderão ter recursos para bons laboratórios de ciências. Mais pesquisas poderão ser financiadas com menos recursos, levando a mais descobertas.
"Usando hardware livre economizamos milhares de dólares para o nosso grupo de pesquisa, e estamos apenas esquentando os motores. Isso vai mudar a maneira como as coisas são feitas," disse Pearce. "Não há como parar essa revolução."
O endereço do Universo das Coisas é www.thingiverse.com, e uma boa forma de colaborar com essa nova onda seria que um grupo brasileiro se encarregasse de começar uma versão ".com.br" dessa "revolução das coisas".

domingo, 24 de janeiro de 2016

Dicas de Fotografia - 300 páginas de aprendizado num livro gratuito


A autora Claudia Regina (do site Dicas de Fotografia) disponibilizou na internet um verdadeiro tesouro para os amantes da Fotografia: o livro ilustrado (de mesmo nome de seu site) Dicas de Fotografia. Ao longo das mais de 300 páginas do livro, os leitores são levados a conhecerem e aprofundarem-se no fascinante mundo da chamada oitava arte, com informações e técnicas explicadas passo-a-passo, de maneira muito bem ilustrada pela artista Sil Takazaki. 

Para ler o livro online ou baixar pelo site Scribd, CLIQUE AQUI.
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