sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Longa vida ao WikiLeaks!


Nos últimos meses o mundo tem sido sacudido pelas revelações do site WikiLeaks. Primeiro sobre a guerra do Afeganistão (inclusive 'vazando' aquele vídeo que mostra um helicóptero Apache americano metralhando e matando repórteres da Reuters). Depois foram mais de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque. E agora a cereja do bolo: mais de 250.000 documentos secretos ou confidenciais da diplomacia americana. Mas na verdade o WikiLeaks já fez - e promete fazer - muito mais que isso. Criado em 2006 pelo australiano Julian Assange, o WikiLeaks (entenda mais sobre as propostas do site aqui) já vazou dados, por exemplo, sobre determinada corporação que lançou lixo tóxico na Costa do Marfim, episódio em que mais de 80.000 pessoas foram contaminadas; sobre um ex-banqueiro suíço que denunciou irregularidades e dados sigilosos do banco Julius Bär, e muito mais. Promete para breve revelações sobre um grande banco - provavelmente o Bank of America, e ainda farto material sobre a honrada indústria farmacêutica.

Vejo com um estranho mas formidável prazer este repentino descortinar do Inacessível, do Oculto, essa festa peralta da menina Verdade. Sim, me pego de repente deliciado em frente à tela do PC, ao ver algo até então inédito, ao menos pelo seu irracional volume - a Verdade a esmo, quase que não filtrada, como quem diz 'Eis-me aqui, eis-me aqui'. Homens de cultura e lastro, garbosa clientela do titio Armani, reis da corrupção e rapina, velhos lobos-alfa (na verdade, raposas), de repente postos de cabelos em pé e corpos broxados (pardon, petits) face à revelação  de seus Meta-esquemas e Paraísos Perfeitos. Sinto-me uma criança que (re)descobre nisto tudo um pingo da revolução que há no Cristianismo - sim, que a Verdade me lance também em sua ciranda e rasgue minhas roupas e mentiras - todo trapo imundo que uso para falsear, tudo aquilo que meu medo e vaidade caiaram - e que faça o mesmo contigo, leitor, e com cada pessoa empresa instituição governo à nossa volta (ou em nós). Que a Verdade massacre tudo aquilo que não for ela mesma, até que ela seja a única de pé em meio ao campo de batalha. Pois 'nada podemos contra a Verdade, senão pela Verdade' (2Co 13.8) - até que só reine ela, a Verdade. Vida longa ao WikiLeaks!

Lembro-me agora com ironia do não menos irônico título de um livro de Zélia Gattai - "Anarquistas, Graças a Deus". Sim, são os novos anarquistas (não avaliamos aqui sua miscelânea ideológica) os que se arrojam e arriscam por um mundo melhor, que se propõem e executam a revelação dos (verdadeiros) podres de um mundo podre. E que se acreditava $$$BLINDADO$$$. E afinal quem o revelaria? Os cristãos, o sal da terra e a luz do mundo? Foi tempo... 

Como lembrança puxa lembrança, lembro-me ainda de Diógenes, andando pelas ruas de Atenas, à luz do dia e com a sua lanterna acesa - procurando um tesouro que nunca encontrou: Homens de verdade. Sorte minha e sua que isso foi há mais de 2.300 anos, e não eram cristãos de verdade os procurados... Mais uma vez uma revolução se dá - e não somos nós seus detonadores, não somos nós seus agentes. Pelo contrário: grandes 'cristãos' da direita (ou não) americana propõem que se cace e execute sumariamente Julian Assange, como 'traidor dos EUA'. Alô, Júlio Severo, converta esses aí!

Não apenas os movimentos e experiências escusas das gigantes farmacêuticas, mas os nomes e os valores de cada conta em cada paraíso fiscal espalhado por este mundo - é o que queremos. Utopia? Graças a Deus não mais, neste @dmirável Mundo Novo em que vivemos.

Preso num ciclo de eternos retornos, lembro-me de novo (e não sei porque) do título do já citado livro de memórias que li há muitos anos, emprestado da saudosa biblioteca do Sesc Niterói - "Anarquistas, graças a Deus"...

Sammis Reachers - http://cidadaniaevangelica.blogspot.com


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