domingo, 1 de maio de 2011

Pela pirataria na internet


Por Wilton Cardoso, editor de Vida Miúda

A internet é, por natureza, uma biblioteca composta pelos conteúdos digitais (e digitalizáveis) de todas as épocas e culturas. Uma biblioteca total, gratuita, interativa, livre de controles e acessível a quem quer que tenha um chip plugado na rede. Esta pelo menos é a potência da internet, é no que ela pode facilmente se transformar num piscar de olhos. E o que impede a concretização desta potência? Basicamente interesses de mercado e do estado.

Internautas, artistas e programadores simpatizantes ou ativistas da cultura livre se debatem entre o velho e o novo mercado pop. Por um lado o velho mercado, formado por editoras, estúdios, gravadores e emissoras, deseja manter o status quo das rígidas leis de direitos autorais e de cópia (copyright) que o beneficia. Por outro lado, o novo mercado, formado por empresas telefônicas e sites de serviços e conteúdos como o Google, deseja a flexibilização das leis de direitos autorais e de copyright em nome de novos marcos legais que regularizem suas atividades baseadas na publicidade. Um artigo esclarecedor sobre o jogo do mercado na internet e a posição da cultura livre neste jogo pode ser lido aqui.

A crítica aos mercados não se trata de uma reclamação típica de esquerdistas frustrados e sonhadores. Vale ressaltar o quanto o novo mercado pop (ao que tudo indica, o que sairá vencedor na batalha dos mercados) coloca em risco a privacidade das pessoas, pois seu negócio é exatamente a armazenagem e o cruzamento de dados privados dos internautas para vendê-los à publicidade dirigida – e, eventualmente, entregá-los ao estado. Se o direito ao acesso livre e gratuito aos conteúdos é um assunto caro às “esquerdas”, o direito à privacidade, pelo que eu saiba, é muito estimado pelos liberais. O problema, portanto, é de todo mundo. Para saber mais sobre os riscos que o mercado e o estado trazem à privacidade do internauta, sugiro este artigo.

UM EXEMPLO CONCRETO

A internet trouxe problemas às leis de direitos autorais e de copyrightpois é impossível impedir ou controlar a cópia de conteúdo na rede.Isto por vários motivos: a cópia de conteúdo digital não tem qualidade inferior ao “original”, seu custo é praticamente zero, é rápido e fácil copiar qualquer conteúdo. Chaves de proteção são facilmente quebradas por hackers. Na verdade, a internet funciona, entre outras coisas, por meio da cópia de bytes – para ler esta página de blog, por exemplo, seu computador local está fazendo uma cópia temporária dela na memória. A cópia de conteúdo pertence, portanto, à natureza da internet. 

Um bom exemplo de como a internet bagunça as leis do copyright é o caso da música.

Vamos aos fatos: já é possível baixar gratuitamente qualquer música por meio de torrents ou sites de armazenamento. Todo mundo baixa/ouve (vê o clipe da) música gratuitamente e sem o menor peso na consciência de estar lesando gravadoras, autores, músicos, técnicos etc… Algumas gravadoras e artistas já entenderam que as pessoas não querem pagar por conteúdo digital/digitalizável (LPs esgotados também se tornam mp3 disponíveis para download) e disponibilizam as músicas gratuitamente para baixar. Vão ganhar o seu com shows e outros serviços, fora do ambiente da internet: veja o caso da Trama Musical.

Se for pra cobrar de alguém, a única chance é que se cobre das empresas de telecomunicações, sites de armazenamento, Youtube ou portais de torrents, que faturam com publicidade: o internauta não aceita pagar e já considera, mesmo que incosncientemente, que o acesso gratuito às músicas (a qualquer conteúdo) é um direito seu.

É altamente provável que os internautas não queiram nem mesmo se expor à publicidade para consumir música gratuitamente, pois isto significa literalmente vender sua privacidade, seus gostos, sonhos e desejos em troca de conteúdo. Negociar a privacidade é como vender a alma ao mercado por intermédio do publicitário (este padre hedonista), um negócio pior que vendê-la ao diabo. Este pelo menos remunera o mortal com riquezas terrenas, já o mercado só retribui com contas a pagar. É que ainda não há alternativas na internet à publicidade: caso surja um espaço na rede que seja gratuito, sem publicidade e livre de controles de mercado e dos governos, certamente os internautas correriam pra lá sem pestanejar.

INTERNET: TERRITÓRIO EM DISPUTA 

A internet se trata, portanto, de uma mídia técnica na qual se digladiam várias potências, várias vontades de poder, vários interesses conflituosos: 

1. Os do velho mercado pop, que gostaria que a rede nunca tivesse nascido e que será, provavelmente, derrotado;

2. Os do estado, sempre acometido de paranóia e desejo de controle, ávido por saber os passos de cada cidadão seu. Neste aspecto, a internet é uma ferramenta muito poderosa, pois ela grava todos os eventos da rede e o cálculo computacional proporciona um cruzamento de dados que torna o universo de controle do filme 1984uma brincadeira de criança;

3. Os do novo mercado pop, ávido pelos bancos de dados da alma de cada pessoa a fim de maximizar suas receitas publicitárias;

4. Os de artistas, programadores, hackers e internautas adeptos da cultura livre em geral, que veem na internet um espaço potencialmente livre dos controles do mercado e do estado, no qual a criatividade desenvolve toda a sua potência e a privacidade e o acesso gratuito ao conhecimento (aos conteúdos) é um direito.

É possível que outras forças surjam na internet, que algumas se extingam ou se transformem e outras permaneçam. Uma coisa é certa: a potência da rede como biblioteca total e gratuita, como espaço da cultura livre, faz parte de sua natureza maquínica e vai de encontro com o desejo das pessoas pelo acesso livre e gratuito ao conhecimento. A adesão praticamente irrestrita da população internauta à pirataria digital confirma que as pessoas já escolheram o direito à informação em detrimento ao direito de propriedade intelectual. Tacitamente as pessoas dizem:

“vamos copiar todos os conteúdos independente de leis ou vontades autorais, estatais ou mercadológicas em contrário, contra o autor, os produtores, distribuidores e o estado. Acessar, copiar e (usu)fruir gratuitamente todo e qualquer conteúdo digital ou digitalizável no ambiente da internet é legítimo, é um direito nosso. “

Por que não explicitar tal desejo coletivo numa declaração de princípios, trazendo-a para a consciência e exigindo leis que cumpram tais princípios? 

CINCO PRINCÍPIOS DA CULTURA LIVRE NA INTERNET 

Qualquer lei que atenda aos anseios por uma cultura livre na internet teria que se basear, pelo menos, nos seguintes princípios: 

1. É direito do internauta que todo conteúdo digital/digitalizável seja disponibilizado gratuitamente na internet;

2. Todo conteúdo disponibilizado na internet poderá ser copiado de forma ilimitada;

3. É vedada a disponibilização de conteúdo com qualquer tipo de proteção contra cópias ou limitações ao uso gratuito (No máximo, poderá haver um “pague se quiser” ou “pague a mim, mas pode repassar gratuitamente”);

4. O conteúdo gratuito não pode sofrer restrições de acesso/download por conta de contratos publicitários. Obs. 1: Por outras palavras, todos os conteúdos podem ser remixados para a retirada de publicidade ou disponibilizados em ambientes livres de publicidade. Obs. 2: Este item é controverso, mas não acho que hackers, piratas e praticantes da cultura livre queiram abrir mão dele, pois é ele que dá direito ao internauta de escapar da nova indústria cultural que vive de publicidade, como o Google;

5. Se houver exploração comercial de um conteúdo na internet, o seu criador (ou criadores) terá direito de ser remunerado. Obs.1: Por outro lado, o autor não tem direito à remuneração no caso do uso não comercial da obra. Obs. 2: Outro ponto polêmico: o autor poderia criar obstáculos à fruição desinteressada de seu trabalho no ambiente da internet? O direito ao conhecimento não se sobreporia ao direito de propriedade do autor sobre sua obra, pelo menos no espaço da biblioteca total que é a internet?

Isto valeria para vídeo, imagem, som, escrita, games, programas, etc. Tudo que seja digital…

Tenho certeza que tais princípios são moralmente concretos e tecnicamente factíveis de se atingir. Moralmente, eles já estão entranhados firmemente no espírito das pessoas e são, portanto, legítimos: as pessoas já escolheram privilegiar, em detrimento dos outros direitos, o direito irrestrito ao conhecimento e à informação.Tecnicamente não há o que comentar, a internet é, por natureza, uma biblioteca total de conteúdos digitais/digitalizáveis, gratuita e disponível a todos que tenham um chip conectado na rede: a única coisa que falta é fazer upload das obras ainda fora da rede e catalogar tudo com precisão, para evitar conteúdos em duplicidade e dificuldades na busca.

Não tenho ilusões que o mercado e o estado permitirão a aprovação de leis que atendam a estes princípios que, como disse, são legítimos e deveriam ser alçados à condição de direitos da população (global). Uma lei assim só sairá do papel quando a pirataria for tão maciça, disseminada e incontrolável que o mercado e o estado não tenham nada mais a perder. E ela vai atingir tal estágio de virulência, estejam certos disso: se existe uma praga determinada, tenaz e invencível neste mundo do Deus Mercado, é a pirataria digital.

É ela, a pirataria digital, esta guerra suja empreendida pelos vagabundos da rede, que irá efetuar a potência máxima da internet, tornando-a efetivamente uma biblioteca total.


via http://pesquisamundi.blogspot.com/

terça-feira, 26 de abril de 2011

Uma revolução silenciosa chega com as plataformas abertas de hardware

As transições tecnológicas marcam épocas e modificam de forma definitiva nossa sociedade. No passado eram bem mais perceptíveis: a robotização da linha de montagem industrial, a substituição das mídias magnéticas pelas mídias e suportes digitais.
Hoje entretanto, vivemos um estágio de evolução contínua, onde cada nova tecnologia é um aperfeiçoamento de algo já existente, transformações mais sutis, quase invisíveis.
Ocorrem na transmissão de dados à velocidade da luz, dentro de nanobots, na miniaturização dos microprocessadores e na crescente conectividade das redes em escala planetária, o que certamente nos levará ao nirvana comunicacional. Mas para que ocorra a plena realização da tecnoutopia digital é preciso conquistar mais dois territórios: o software e o hardware.
A boa notícia é que esta viagem já começou. De um lado temos as comunidades de software livre, as quais apóiam-se na colaboração, distribuição irrestrita de conhecimento e mantêm-se ativas graças à inteligência coletiva.
O movimento do software livre nos deu o Linux, o Mozilla Foundation, a Wikipedia e o Openframeworks, entre tantos outros produtos abertos, livres e emancipatórios. Seus conceitos e práticas contaminaram outras áreas e temos hoje de carros a livros sendo concebidos e consumidos de forma gratuita e comunitária.
Do outro lado, uma revolução silenciosa tem tomado o tempo e as mentes de milhares de jovens ao redor do planeta: as plataformas abertas de hardware (open hardware platforms), sendo a mais conhecida o Arduino.
arduino_uno_test
O Arduino está para a tecnologia computacional assim como o motor de combustão para indústria automobilística, com a diferença de que o Arduino é de extremo baixo custo (uma placa Arduino custa hoje por volta de 25 dólares!).

As possibilidades criativas desta placa de circuito impresso, que cabe na palma da mão, são ilimitadas. Sensores e atuadores podem ser facilmente acoplados ao Arduino para sentir o ambiente, se comunicar ou promover algum tipo de ação sobre outros objetos microprocessados.
Não por acaso, o Arduino é uma das plataformas prediletas dos jovens pesquisadores da área de “Internet das Coisas”. A linguagem de programação é simples e estruturada, com incontáveis fóruns e bibliotecas abertas na rede. Basta uma breve busca dentro do Youtube com a palavra chave “Arduino” e você irá encontrar as mais diferentes engenhocas e cibertecnologias em ação.
Assim como o software livre quebrou paradigmas da indústria de software, as plataformas abertas de hardware representam as bases para próxima revolução tecnológica. A Fantástica Fábrica de Chocolates Eletrônicos abriu suas portas para comunidade hiper-conectada e seu estoque de cacau é infinito.
Este artigo é uma homenagem a Raphael Vasconcellos. Uma mente open source por natureza. [Webinsider] - http://webinsider.uol.com.br

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Curso a distância "Controle Social e Cidadania", promovido pela CGU

Curso a distância "Controle Social e Cidadania", promovido pela CGU


A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu inscrições para 1.000 vagas no curso a distância "Controle Social e Cidadania". O curso será gratuito e realizado totalmente pela Internet, entre 3 e 30 de maio. Ele é voltado para todo cidadão interessado em saber mais sobre como acompanhar a gestão pública, especialmente as lideranças locais, conselheiros, e representantes sociais.

Para participar, basta ter acesso à internet, um endereço de e-mail e conhecimentos básicos navegação. Os participantes que obtiverem aproveitamento mínimo de 70% receberão certificado. As inscrições poderão ser feitas no endereço www.escolavirtual.cgu.gov.br de 8 a 15 de abril, ou enquanto houver vagas.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Rede Social De Músicas "Creative Commons" Está Recebendo Material



A Livre.fm é uma rede social para descoberta e compartilhamento de músicas licenciadas em Creative Commons.

O site está recebendo material de artistas/bandas. Saiba como enviar seu material enviando um e-mail para:

Você não é artista/banda e quer se cadastrar no site pra ouvir/descobrir novos sons? 

Basta acessar Livre.fm

POEMA DE OUTUBRO de DYLAN THOMAS


Dylan Thomas

Era o meu trigésimo ano rumo ao céu
Quando chegou aos meus ouvidos, vindo do porto
e do bosque ao lado,
E da praia empoçada de mexilhões
E sacralizada pelas garças
O aceno da manhã
Com as preces da água e o grito das gralhas e gaivotas
E o chocar-se dos barcos contra o muro emaranhado de redes
Para que de súbito
Me pusesse de pé
E descortinasse a imóvel cidade adormecida.
Meu aniversário começou com as aves marinhas
E os pássaros das árvores aladas esvoaçavam o meu nome
Sobre as granjas e os cavalos brancos
E levantei-me
No chuvoso outono
E perambulei sem rumo sob o aguaceiro de todos os meus dias.
A garça e a maré alta mergulhavam quando tomei a estrada
Acima da divisa
E as portas da cidade
Ainda estavam fechadas enquanto o povo despertava.
Toda uma primavera de cotovias numa nuvem rodopiante
E os arbustos à beira da estrada transbordante de gorjeios
De melros e o sol de outubro
Estival
Sobre os ombros da colina,
Eram climas amorosos e houve doces cantores
Que chegaram de repente na manhã pela qual eu vagava e ouvia
Como se retorcia a chuva
O vento soprava frio No bosque ao longe que jazia a meus pés.

Pálida chuva sobre o porto que encolhia
E sobre o mar que umedecia a igreja do tamanho de um caracol
Com seus cornos através da névoa e do castelo
Encardido como as corujas Mas todos os jardins
Da primavera e do verão floresciam nos contos fantásticos
Para além da divisa e sob a nuvem apinhada de cotovias.
Ali podia eu maravilhar-me
Meu aniversário Ia adiante mas o tempo girava em derredor.
Ao girar me afastava do país em júbilo
E através do ar transfigurado e do céu cujo azul se matizava
Fluía novamente um prodígio do verão
Com maçãs
Pêras e groselhas encarnadas
E no girar do tempo vi tão claro quanto uma criança
Aquelas esquecidas manhãs em que o menino passeava com sua mãe Em meio às parábolas
Da luz solar
E às lendas da verde capela
E pêlos campos da infância duas vezes descritos
Pois suas lágrimas me queimavam as faces e seu coração
se enternecia em mim.
Esses eram os bosques e o rio e o mar
Ali onde um menino
À escuta
Do verão dos mortos sussurrava a verdade de seu êxtase
Às árvores e às pedras e ao peixe na maré.
E todavia o mistério
Pulsava vivo Na água e nos pássaros canoros.
E ali podia eu maravilhar-me com meu aniversário
Que fugia, enquanto o tempo girava em derredor. Mas a verdadeira
Alegria da criança há tanto tempo morta cantava
Ardendo ao sol.
Era o meu trigésimo ano
Rumo ao céu que então se imobilizara no meio-dia do verão
Embora a cidade repousasse lá embaixo coberta de folhas no sangue de outubro.
Oh, pudesse a verdade de meu coração
Ser ainda cantada
Nessa alta colina um ano depois.

(tradução: Ivan Junqueira)


via http://eliotkalamos.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O livro de papel já morreu?

Com a proliferação dos e-books, surgiu um mercado paralelo legal e clandestino de distribuição de arquivos 

por Gilberto Dimenstein

USANDO AS NOVAS ferramentas de comunicação, um grupo de professores da África do Sul está inovando o jeito como se produzem livros didáticos e acabaram se transformando numa experiência acompanhada por diversos centros de tecnologia do mundo.

Espalhados em diversas partes do país, eles escrevem coletivamente, numa página da internet, livros sobre todas as matérias ensinadas nas escolas. Mas cada professor adapta o conteúdo para sua realidade local, a começar do seu bairro. Um mesmo livro, portanto, pode ter centenas de diferentes versões.

Como nem todas as escolas têm acesso à internet (onde os conteúdos estão disponíveis gratuitamente), encontraram uma saída.

Sem cobrar direitos autorais, eles organizam o material e entregam textos para editoras tradicionais. O livro chega às escolas com um preço mais barato. "Em pouco tempo, o papel será dispensável", disse o físico Mark Horner, um dos coordenadores do projeto batizado de Siyavula.

Essa foi uma das experiências que chamaram a atenção num encontro na semana passada que reuniu, nos EUA, alguns especialistas em inovações tecnológicas e educação. Serve como mais uma provocação sobre o futuro da produção e distribuição do conhecimento no geral e dos livros e dos escritores em particular.

O fim do livro de papel é tido como uma questão de tempo. Isso significa que as livrarias vão desaparecer? Para quem, como eu, tem prazer de andar por livrarias e sentir o papel, essa é uma pergunta incômoda.
Andando aqui no metrô, vemos quanta gente aderiu ao livro eletrônico. Algumas escolas resolveram aposentar os livros didáticos de papel, usando até o argumento de que, assim, deixam as mochilas mais leves e preservam a saúde dos estudantes. Comemora-se até o fato de que, com os novos aparelhos, cresce a venda entre os mais jovens.

Com o aumento do consumo dos e-books, surgiu um mercado paralelo legal e clandestino de distribuição de arquivos.

Está acontecendo com os escritores o que, no passado, ocorreu com os músicos, quando surgiu o Napster. Depois de muita briga por causa da troca clandestina de arquivos, começaram a reinventar um novo modelo de negócios. Mas cada vez se ganha menos dinheiro vendendo CDs aliás, quase ninguém mais vende CDs. Assim como os mais jovens já não usam mais relógios de pulso. Nem e-mail. A onda de aplicativos está tornando até obsoleta a internet do www.

Os músicos podem compensar a queda da renda fazendo shows. O que os escritores deveriam fazer? Palestras remuneradas?

Podemos não gostar quando uma mudança tecnológica nos afeta, mas adoramos poder falar pelo Skype sem pagar a ligação telefônica.

Não é tão diferente assim dos desafios do jornal que se estruturam para cobrar os conteúdos digitais.
É um desafio que atinge as escolas. Os conteúdos das matérias já podem ser encontrados na internet, algumas vezes com recursos mais interessantes e provocativos do que os dados em sala de aula. O Media Lab, do MIT, desenvolveu uma plataforma (Scratch) em que as próprias crianças fazem seus jogos e trocam suas criações pelo mundo aliás, o MIT desenvolveu conteúdos gratuitos só para o ensino médio.

Como a transmissão do conhecimento não para de crescer, os modelos de negócio, depois do baque, vão se reinventando, gerando perdedores e ganhadores. Alguém poderia imaginar que jornais pagariam parte dos salários dos jornalistas com base no número de clicks em suas páginas ou matérias na internet?

Estudos têm mostrado que, depois da onda provocada pelo Napster, não diminuiu a produção musical pelo mundo e a produção de aplicativos foi estimulada.

Os desafios da sustentabilidade são enormes, mas as oportunidades são maiores ainda.

Um caso está correndo aqui em Harvard, onde ganha força um ambicioso projeto para criar a maior biblioteca digital do mundo, que é acessível a todos. A pretensão é nada menos do que selecionar todo o conhecimento já produzido pela humanidade. Uma das inspirações é a Europeana, na qual se encontra 15 milhões de versões digitais de livros e obras de arte.

Além de Harvard, estão aderindo ao projeto as maiores universidades americanas com seus monumentais acervos de livros, além da biblioteca do Congresso americano. Representantes da Apple, Microsoft e Google estão participando dos encontros.

Os livros de papel, os CDs e até as escolas tradicionais podem morrer. Mas o conhecimento está cada vez acessível.

PS- Coloquei na internet ( http://www.catracalivre.com.br/ ) mais detalhes dos projetos citados nesta coluna.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Criança e a Diabetes: Aprenda o que ela deve comer (Ebook grátis)


Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) lançou o eBook “A Criança e a Diabetes: Aqui aprendes a comer!”. Este livro em formato PDF contém 35 páginas de informação para os mais pequenos.


Para descarregar, clique aqui.